A GRANDE EXPOSIÇÃO
Contexto Histórico e A Grande Exposição
No século XIX a Grã Bretanha e a França competiram pelo domínio industrial e comercial. A Rainha Vitória tinha ampliado o poder e a riqueza do Império Britânico, tinham conhecimento, tecnologia e poder. Mas havia uma coisa que eles não tinham: a beleza do design francês. A França se encontrava debilitada pelas guerras e intrigas napoleônicas e as constantes revoltas revolucionárias, ainda assim as Academias Reais continuaram a formar artistas e artesãos com a mesma exigência e as Manufaturas Reais continuaram a produzir peças de design de grande valor estético. Em 1830 existiam 80 academias de arte na França.
Os ingleses preocupados com a liderança estética e cultural francesa investiram em academias para artesãos, mas os formavam separados dos artistas, como os alemães, que contavam com escolas de formação artesanal gratuita para a classe operária. Os ingleses e alemães tinham então uma formação técnica enquanto os franceses tinham uma formação artística.
Os ingleses preocupados com a liderança estética e cultural francesa investiram em academias para artesãos, mas os formavam separados dos artistas, como os alemães, que contavam com escolas de formação artesanal gratuita para a classe operária. Os ingleses e alemães tinham então uma formação técnica enquanto os franceses tinham uma formação artística.
Neste espírito competitivo os ingleses organizaram em 1851 a primeira Exposição Universal chamada "A Grande Exposição dos Trabalhos da Indústria das Nações do Mundo". Por primeira vez artistas, arquitetos, cientistas e comerciantes exibiram, discutiram e promoveram seus produtos. A Grande Exposição Universal de Londres foi um marco histórico para o design porque reunia em um só lugar todas os conhecimentos que no século XX deram origem a primeira escola de design. Para albergar os expositores Joseph Paxton desenhou o Palácio de Cristal. O edifício, feito com estruturas pré-moldadas de ferro e de vidro, foi uma das maiores obras arquitetônicas da história não só pela grande beleza das suas formas e da sua transparência, mas porque constituía maior revolução arquitetônico desde Roma.
As estruturas de ferro possibilitaram grandes construções que fossem leves e que inclusive pudessem ser montadas e desmontadas. O ferro das máquinas se espalhou nas obras arquitetônicas e na vida urbana da Europa do século XIX.
The Great Exhibition of The Works of Industry of All Nations, Hide Park - 1851 |
As estruturas de ferro possibilitaram grandes construções que fossem leves e que inclusive pudessem ser montadas e desmontadas. O ferro das máquinas se espalhou nas obras arquitetônicas e na vida urbana da Europa do século XIX.
Gravura anônima da parte interna da Grande Exposição de Londres |
O Palácio de Cristal foi desmontado depois da exposição, mas uma outra obra grandiosa da era do ferro ficou: a Torre Eiffel, de Alexandre Gustave Eiffel foi erigida com uma estrutura de ferro pré-moldado como foi o Palácio de Cristal de Londres para marcar em 1889 a 8ª Exposição Universal em Paris. A torre devia ser desmontada depois da exposição, mas permanece até hoje como símbolo da modernidade.
Palácio de Cristal |
Foram 9 exposições universais no século XIX, 12 no século XX e 4 neste século. A história do design se configurou a partir deste intercambio internacional e interdisciplinar.
MOVIMENTO DE ARTES E OFÍCIOS
Arts & Crafts
A Era Vitoriana
A Rainha Vitória (1837-1907) da Grã
Bretanha marcou uma era muito importante para a cultura inglesa: a Era
Vitoriana. No seu reinado as artes, as ciências e a tecnologia foram
desenvolvidas em um espaço de tensão entre a tradição do passado e a
modernidade. O estilo vitoriano, do qual os ingleses se orgulharam, se estendia
aos objetos, móveis, roupa, tecidos, gráfica, arte, arquitetura, paisagismo e
design de interiores. Sua influência chegou a muitos outros continentes e durou
mais de um século.
O pensamento de John Ruskin (1819-1900),
crítico de arte e medievalista, as obras de A.W. Pugin (1812-1852) arquiteto e
designer e de William Morris (1834-1896) tiveram uma grande influência sobre o
design vitoriano. Todos eles proclamaram a importância da relação entre
arquitetura e design que existia na cultura clássica greco-romana e medieval.
Este saudosismo de tempos passados, era parte da cultura romântica da época,
mas também revelava o medo do presente e do futuro cada vez mais tomado pelas
máquinas de ferro.
A sociedade industrial era
orgulhosa do progresso material que trazia a Revolução Industrial. Mas muitos
pensavam que este progresso material deixava de lado as preocupações
espirituais e que assim ameaçava o tecido social. Ruskin encontrava na arte a
possibilidade de devolver o equilíbrio entre o progresso material e espiritual.
Ele escreveu muitos livros de história e crítica de arte que o gosto vitoriano
encontrava moralmente edificante. Estes livros instruíram á classe média
britânica na ideia da arte como reflexo das condições morais de uma
sociedade: "o sinal visível da virtude nacional".(EFLAND,
A., 1990).
Ruskin via a arte como a imitação
da natureza, além disto devia proporcionar também prazer. Mas aquilo que
tornava um objeto em uma obra de arte era o propósito moral: a maior quantidade
de grandes ideias. Para Ruskin as obras de arte são encontros com as grandes ideias.
Por causa disto ele defendia a importância de viver em ambientes
altamente estéticos.
Sala medieval
organizada por A.W. Pugin, Exposição Universal de 1851, Londres
|
O arquiteto Pugin levou as ideias de
Ruskin ao plano do design. Como Ruskin, Pugin propunha um design
baseado na utopia regressiva do retorno à beleza da natureza, em oposição
ás novas tendências que exaltavam a beleza das máquinas. Eles sentiam aversão
pelas tendências arquitetônicas marcadas pelo Palácio de Cristal. Para
Ruskin e Pugin a beleza devia expressar uma função social: "só
pode ser belo aquilo que é bom", esta era uma ideia medieval que explicava
a beleza como a materialização do bem. (ECO, U.2007)
Nas artes, o movimento Pré-rafaelistas, que tentava retornar a
simplicidade e sinceridade da arte foi o que melhor representou a estética e
moral vitoriana.
O gosto vitoriano cresceu no
coração da burguesia britânica do século XIX. Na arquitetura, na decoração, no
paisagismo e nas artes gráficas e nos objetos predominaram as formas
orgânicas estilizadas de linhas marcadas e os arabescos com decoração
austera e volumes geométricos.
O Movimento de Artes e Ofícios
Design de um livro - William Morris |
O design do movimento Arts and Crafts se
caracterizou pela:
·
Simplicidade
vs.
complexidade no ornamento
·
Sistema
de grêmios vs.
sistema industrial
·
Acabado
artesanal vs.
acabado industrial
A missão social do movimento era dar solução aos males da Revolução
Industrial: melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, levar a cultura a
todos e restabelecer a união das artes e os ofícios perdida desde o Renascimento.
Todas as peças feitas nos estúdios do Arts and Crafts seguiam os
princípios estabelecidos por Morris:
·
Considerar o material (qualidade
e nobreza)
·
Considerar o uso (função)
·
Considerar a construção (design)
·
Considerar a ferramenta (técnica)
O movimento Arts and Crafts de Morris
teve o apoio da monarquia vitoriana e teve grande sucesso entre a burguesia
rica. A marca registrada da oficina de Morris e arquitetos era a alta qualidade
artesanal dos produtos. Isto encarecia muito os objetos frente àqueles que
produziam as fábricas. O sonho de Morris de oferecer ambientes e objetos
altamente estéticos a todos não era possível. Só os ricos podiam comprá-los.
Mas o gosto pelos objetos Arts and Crafts cresceu e se estendeu na Alemanha e
nos Estados Unidos onde se publicaram revistas especializadas que atingiam um
grande público feminino.
Design de interiores 1884 para a revista Arts and Crafts de Munich, Alemanha |
As ideias do movimento Arts and Crafts,
os ventos românticos e a veloz modernização da Europa no final do século XIX
inspiraram na França um movimento ainda maior e mais abrangente.
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Referências Bibliográficas:
ARGAN,
Giulio Carlo. Historia da Arte Moderna, do Iluminismo aos Movimentos Contemporâneos.
Companhia das Letras, São Paulo, 1992.
EFLAND,
D. Arhur. A History of Art Education. New York: Teachers College
Press, Columbia University. 1990.
BÜRDEK, Bernhard E.. Design: história, teoria e prática do design de produtos. São Paulo: Edgar Blücher, 1º Edição, 2006.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Autores:
- Allan Douglas, Amanda Adna, Andreia Caroline, Géssica Fernanda
- Glaucia, Mônica Santos, Ninna Nunes, Lucas
Muito bom! Estou fascinada pelo assunto.
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