3 de dezembro de 2013

1910's - Bauhaus & a Primeira Guerra


      O tenso e conturbado período entre guerras da Alemanha serviu de palco para a aparição de uma nova escola de artes, mesclando-se duas outras escolas anteriores. Surgiria, então, sob a direção do arquiteto e idealizador, Walter Gropius, a Statliches Bauhaus (Casa da Construção Estatal). 
Lyonel Feininger, "A catedral". Xilogravura
que ilustrou o 1º Manifesto da Bauhaus.
      Após a guerra, um regime republicano foi instaurado em assembléia na cidade de Weimar, que se tornou então capital do que ficou conhecido como República de Weimar. No entanto, os pesados termos de rendição alemã, impostos pelo Tratado de Versailles se fizeram sentir nos anos subsequentes. O “espírito” do povo alemão não foi recuperado e a nação passou por sérios prejuízos morais e éticos. 
      A falta de força da recém formada república levantou uma busca incessante por unificação e significado. Surgiram então motivações como a de Walter Gropius, que expressou o seu desejo de liderar uma escola de Artes e Ofícios em Weimar. Isso se tornou possível somente em 1919, um ano após a primeira grande guerra, com a fusão da Escola de Belas Artes e da Escola de Artes Aplicadas, sob a direção de Gropius. Eis que surgia a Bauhaus. 
     Com o pensamento revolucionário e mestres da Bauhaus se baseavam no princípio de uma racionalidade funcional, onde os objetos deveriam ter sua função garantida sem perder a praticidade e velocidade no processo de fabricação. Esta era uma das marcas da Bauhaus. 
      Parte deste processo inovador vinha de influências das vanguardas modernistas, tais como o Futurismo, Expressionismo e Cubismo que, traziam a máquina como ideal de praticidade e beleza, quebrando com as estéticas passadas, sem contar, claro, com o novo modo de pensar do século XX, que colocava na revolução industrial o alicerce para uma nova cultura de produção mecanizada e em larga escala. 
Após Ser fundada, a Bauhaus enfrentou muitas etapas, em sua maioria, geradas pelo impacto causado por sua metodologia que, além de quebrar paradigmas, transcendia os valores mais conservadores da época. Logo a Bauhaus se tornaria uma das mais comentadas e mal-compreendidas escolas de design moderno de todos os tempos, sendo alvo de criticas e elogios até hoje.



WEIMAR (1919-1925)


Sede da Bauhaus, Weimar.

        A Bauhaus iniciou suas atividades, em 1919, em Weimar, sob a direção do arquiteto Walter Gropius. Por sua característica inclusiva, o seu corpo docente foi formado por muitos artistas, arquitetos e artesãos de diferentes linhas de pensamento. Entre os nomes selecionados no início de seu funcionamento estavam Johannes Itten (1888–1967), Paul Klee (1879-1940), Lyonel Feininger (1871-1956), Oskar Schlemmer (1888-1943), Wassily Kandinsky (1866-1944), Adolf Mayer (1843–1942), Georg Müche (1895-1986) e Laszlo Moholy-Nagy (RICKEY, 2002).

      O desafio de Gropius foi lançar ao mundo artístico e industrial uma fusão entre arte e técnica, ou seja, a Bauhaus é a resposta que põe fim à separação que o processo de produção industrial havia inserido entre o momento artístico-criativo e o técnico-material. Assim, seu fundador idealizava um local que unisse todas as atividades artísticas, acreditando que elas eram componentes inseparáveis da arquitetura daquele século (DE MASI, 1997). 
     Seu Manifesto, datado de abril de 1919 destaca a importância da metodologia de aprendizagem voltada para o treinamento em oficinas. Através da ligação entre teoria e prática, buscava-se definir o funcionalismo como metodologia de projeto. Entre as prioridades descritas nesse manifesto estava o retorno às doutrinas do Werkbund que objetivava o aperfeiçoamento dos produtos industriais por meio dos esforços conjuntos dos artistas, para que a qualidade fosse elevada. Nesse sentido, todos os estudantes deveriam receber formação completa nas oficinas (SOUZA et al, 2009b).
Walter Gropius
     Em seus primeiros passos, a Bauhaus parecia suspeita aos cidadãos não apenas por suas novas concepções artísticas, mas também por sua inclinação social, por vezes vista como anárquica. Essa visão foi ainda mais reforçada devido ao comportamento boêmio de seus primeiros alunos que viam na Bauhaus uma fuga do sistema tradicional para uma maior liberdade. A produção da escola também demorou a dar resultados: somente a partir de 1921 e 1922. Isso ocorreu em parte devido às condições materiais durante recesso do pós-guerra, na qual muitos materiais ainda estavam escassos (WINGLER, 1975). 
   O fim da Bauhaus em Weimar deve ser entendido como uma estratégia política. Muitos dos professores e alunos eram esquerdistas e/ou judeus e muitos também declaravam-se como comunistas. Isso não era bem visto pela maioria da população, muito menos pelo partido nazista, de direita, que começava a crescer no território alemão e, em 1924, venceu as eleições para o Parlamento Regional. Logo os recursos para a Bauhaus foram reduzidos e reduzidos até que os professores a declararam fechada em Weimar em 1925.


DESSAU (1925-1932)


Orgulho da Bauhaus é construido em Dessau. Este foi o prédio sede da escola, feito em vidro, aço e concreto.

      A transferência para Dessau, uma cidade mais rica e industrial, situada nas proximidades de Berlim, foi um tanto estratégica e teve uma enorme importância na solidificação da Bauhaus como escola de design. Nesse período a Bauhaus se caracterizou pela simplicidade funcional, valorizando as formas dos objetos. 
Dentre suas oficinas, destacou-se a de mobiliário, que em 1926 sob a orientação de Marcel Breuer (1902-1981), produzia móveis de aço tubular, econômicos e práticos.  Nesse período surgiu o primeiro móvel de metal, que foi o exemplo típico de tal concepção. Em 1927, surgiu o departamento de arquitetura sob a liderança de Hannes Meyer (1889-1954), o qual se tornou fundamental para a afirmação do modernismo. 
      A liderança de Gropius chegou ao fim em 1928. Gropius havia se desgastado com as tarefas administrativas, tanto em Weimar quanto em Dessau, continuou a sofrer crítica de conservadores. Então preferiu trabalhar como arquiteto autônomo em Berlim. A sua saída foi simultânea à de Herbert Bayer, Marcel Breuer e Moholy-Nagy (Muche já havia se desligado em 1927, devido a controvérsias com Gropius) e, com isso, a Bauhaus sofreu uma sensível perda de substância (WICK, 1989). 
      Hannes Meyer foi indicado como sucessor de Gropius. Sob a direção de Meyer a Bauhaus abandonou definitivamente a idéia de uma escola de arte, e tornou-se imprescindível a idéia de um local de produção voltado à satisfação de necessidades sociais. Com uma produção mais funcionalista, devido a sua visão fundamentalmente tecnicista, a Bauhaus desta fase se caracteriza por uma maior integração com a indústria. 
      Meyer contribuiu com a criação de quatro departamentos: arquitetura (em 1927), publicidade, produção em madeira e metal, e têxteis. Framptom (2000) ressalta ainda que os departamentos foram enriquecidos com a introdução de cursos científicos complementares, como organização industrial e psicologia, ao mesmo tempo em que o setor de construção dirigia sua ênfase para a otimização econômica da organização de projetos e os métodos de cálculo precisos de luz artificial, luz solar, perda e ganho de calor e acústica. 
      No entanto, Meyer acreditava que a arte deveria ser substituída pela ciência. Assim, a ênfase agora era a produção voltada para a produção através de modelos padronizados, enfatizando o social e não mais a estética. A organização de Meyer privilegiou o departamento de arquitetura da Bauhaus, tornando-o especialmente autônomo e enfraquecendo a influência dos pintores e, como consequência, uma perda da qualidade artística da Bauhaus. 
      Por motivos políticos, Meyer foi dispensado e Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969) assumiu a direção da escola em 1930. Naquela época, Mies van der Rohe já havia consolidado sua reputação como um dos mais destacados arquitetos de seu tempo. Embora tenha limitado as questões sociais de Meyer, acabou por manter os traços dominantes da arquitetura, com o design, a pintura e a fotografia como classes anexas.

BERLIM (1932-1933)



      Mies já era visto como um dos mais destacados arquitetos da época. Quando ele assumiu a Bauhaus, ficou horrorizado com a visão funcionalista que haviam tomado. Ele acreditava muito na arte, nisso, limitou as questões sociais de Meyer, mas manteve os traços dominantes da arquitetura, com o design, a pintura e a fotografia como classes anexas. Mas, sem dúvidas o estudo da arquitetura dominou a Bauhaus. Mies, também proibiu qualquer atividade política. Sob sua direção a Bauhaus foi muito mais disciplinada, porém perdeu um pouco de sua ideologia inicial de revolucionária nata. 
      Em Dessau, 1932, os nazistas assumiram o poder e fecharam aquilo que consideravam uma fonte de ideias comunistas, cosmopolitas e judias. Os chamavam de bolcheviques culturais, tudo que era bolchevique era comunista, e, portanto, era uma ameaça ao novo governo que se tentava instaurar. Logo a Bauhaus fechou suas portas novamente. 
      Estava, agora, em Berlim, onde, agora como instituto privado, deu continuidade a seus trabalhos sob condições adversas, ocupando as instalações de uma antiga fábrica de telefones. 
      A Bauhaus havia estabelecido um conjunto de normas e uma imagem de severidade que causou um clima de tensão. Porém o período foi curto, pois já no dia 20 de julho de 1933, o regime nacional-socialista do terceiro Reich pôs definitivamente um fim à subsistência da Bauhaus, difamada como centro de cultura bolchevista e comunista. 
      Aos seus 14 anos de vida, a Bauhaus então morria na Alemanha nazista mas seus professores e estudantes espalharam-se por todo o mundo livre, levando suas ideias e convicções com eles.

Características de alguns mestres da Bauhaus:

Lyonel Feininger

Depois de estudar arte em Hamburgo, Berlim e Paris e de sua atividade como caricaturista, Feininger desenvolveu a partir de 1912 estilo próprio, à base de paisagens e composições arquitetônicas inspiradas pelo cubismo. Influenciado pelo expressionismo, em suas primeiras pinturas tentou reduzir as formas a corpos articulados prismaticamente, utilizando para isso uma coloração matizada e quase transparente, a qual confere a muitas de suas obras um caráter excêntrico e onírico. Seus motivos preferidos foram os edifícios medievais, como se pode ver em Igreja do Mercado de Halles (1930), e as marinas, nas quais costumam aparecer barcos a vela. Entre 1919 e 1932 foi professor e artista da Bauhaus, cujo primeiro manifesto de 1919 ilustrou com uma gravura em madeira intitulada A Catedral. Proibido pelos nazistas como artista degenerado, em 1937 voltou a seu país de origem, os Estados Unidos.

Hannes Meyer

Principais projetos: Petersschule, em Basel, Suíça (1926), e a sede da Liga das Nações, em Genebra, Suíça (1926-1927), mas ambos não saíram do papel. Para o sucessor de Gropius, o processo de construção tinha de levar em conta as necessidades humanas – biológicas, intelectuais, espirituais e físicas. Por isso, o funcionalismo e o conforto passaram a ser levados tão a sério a partir de então. Embora Meyer fosse arquiteto, foi sob seu comando que o design industrial ganhou evidência na Bauhaus.

Mies Van Der Rohe

Foi conciderado um dos arquitetos mais importantes do século 20. Ele era fã do estilo neoclassico mas converteu-se à simplicidade da bauhaus e cunhou a frase "menos é mais". Foi o ultimo diretor da escolo, e ficou famoso por usar muito vidro e aço em seus arranha-céus. Seus principais projetos foram: 
  • O pavilhão alemão para a exposição internacional de barcelona(1929);
  • Promotory Apartments, em Chicago(1951);
  • E, Seagram Building, em Nova York(1956-1959)
Marcel Breuer 

Fez parte da primeira geração da Bauhaus e se formou na primeira sede (Dessau). Foi designer e arquiteto, mas se destacou na produção mobiliária. Os móveis de tubo de metal foi o seu toque revolucionário. No fim de sua carreira, foi para os EUA e passou a projetar grandes prédios ao lado do seu ex professor Mies Van Der Rohe. Principais projetos: 
  • Cadeira Wassily (1925-26) 
  • Short Chair (1936) 

Hebert Bayer

Os princípios de geometrização e funcionalismo também prevaleceram na tipografia – a arte de criar fontes de letras (como a Times New Roman e a Arial). Bayer bolou uma espécie de alfabeto universal, só com letras minúsculas e reduzidas ás formas gráficas mais simples possíveis. Seu argumento? Quando falamos não existe “maiúscula” ou “minúscula”. Principal projeto: 
  • O alfabeto universal Stum Blond (1925)
OBRAS DA BAUHAUS

1. Chaleira criada por Marianne Brandt;
2. Xadrez criado por Josef Hartwing. Cada peça do jogo indica o movimento que elas podem fazer.
3. Revolucionária cadeira de Wassily, feita por Marcel. Breve em homenagem a Wassily Kandisky;
4. Provavelmente a peça mais icônica da Bauhaus, o abajur de William Wagenfeld, construído em metal e vidro precisamente cortado.

Um dos muitos tipos criados por Herbert Beyer, que deu grande contribuição à tipografia Bauhaus.

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Referências Bibliográficas:

DE MASI, D. (org.). A Emoção e a Regra – os grupos criativos na Europa de 1850 a 1950. Rio de Janeiro: j17é Olympio, 1997.
WINGLER, H. M. La Bauhaus: Weimar, Dessau, Berlim 1919 - 1933. Barcelona: Ed. Gustavo Gili, 1975.
WICK, R. Pedagogia da Bauhaus. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Trechos adquiridos no site (http://www.idemdesign.net/pt/des-prod/historia-teoria-design/108-historia-bauhaus.html?showall=1), visualizado dia 04/12/2013 às 22:00 horas.

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Autores:

- Jorge Vincente, Diego Fanncer, Rosineide Silva e Danielly Melo
- Jéssika Valentim, Thássia Brandão, Thaís Duarte e Felipe

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